4.1.03

Dia de Gibi Novo: Global Frequency 1 e 2 e MEK 1

Quadrinhos "de ação" são a regra na indústria americana. Infelizmente, a maioria deles lida com super-heróis - coisa que a cada dia me interessa menos. Mesmo coisas como The Authority e New X-Men - que dispensam muitas das regras do gênero - às vezes usam algumas das fórmulas desse tipo de ficção. Global Frequency - escrita por Warren Ellis e desenhada por 12 artistas diferentes - é uma tentativa de fazer quadrinhos de ação sem os tais super-seres.

E funciona.

A premissa é muito bem bolada. Existem mil e uma pessoas na Global Frequency, uma organização formada por especilistas nas mais diversas áreas que lidam com emergências que exércitos e governos ão podem ou querem lidar. A Global Frequency é liderada por Miranda Zero, uma ex-agente que conseguiu chantagear alguns governos em manter a organização.

A série - formada por doze episódios sem muita ligação - poderia ser perfeitamente uma série de tv. E é bem clara a intenção de Ellis nisso. Há dois personagens recursivos - Miranda Zero e Aleph, a responsável pela comunicações - e só. Todos os outros são dispensáveis. Só isso já torna Global Frequency diferente dos quadrinhos de supers: os índices de mortalidade são bem altos.

Depois de The Authority e Transmetropolitan - onde a ação transcorria por páginas e páginas - é estranho o ritmo acelerado de Global Grequency. O negócio aqui são as idéias, Ellis só tem 22 páginas então as cenas de ação são tratadas sem muitos detalhes - o que é permite com que elas ganhem uma força na mente do leitor que compensa a falta de "espetacularidade" que os puny humans da história imporiam a elas.

A primeira história - Bombhead (arte de Garry Leach) - trata de um sujeito que tem o poder de abrir túneis de teleporte. Ele está fora de controle e os agentes da Global Frequency tentam capturá-lo. O mais legal dessa edição é ver como o grupo se organiza. Aleph é a responsável por descobrir quem são os agentes mais indicados para cada emergência. Cada um deles tem um celular estranho e um nímero. Ao se conectar, cada agente ouve o bordão da série: You are on the global frequency.

A segunda história - Big Wheel (arte de Glenn Fabry) - mostra agentes indo até um complexo militar para deter um ciborgue que pirou. Ao contrário do que seria esperado, os ciborgue não é nada limpinho - sendo mais uma massa de carne e máquinas presa a um cérebro humano. Apesar de não ficar se perdendo em tagarelizes técnicas, a história é hard sci-fi, evitando soluções fáceis e explorando idéias bastante interessantes sobre modificações no corpo.

Modificações corporais parecem ser um dos temas preferidos de Ellis. MEK - série em três edições - explora o que aconteceria (ou vai acontecer) se tecnologias cibernéticas chegarem às ruas. Extrapolando a cultura atual de modificações corporais, Ellis documenta uma cultura de jovens com muito dinheiro para gastar em peças que muitas vezes não tem nenhuma utilidade. O mundo de MEK é muito rico visualmente, apesar das ilustrações de Steve Rolston serem um pouco limpas demais para o tema, se alguém me perguntou alguma coisa.

Se a primeira edição é uma amostra confiável, MEK peca por tentar contar uma história - cuja estrutura parece vir dos pulps de mistério - quando Ellis que mais é traçar o panorama cultural. Um problema muito comum à ficção científica, aliás.